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sexta-feira, 29 de julho de 2011

A FORÇA DO AMOR!

CATEGORIA: CONTO
TÍTULO: A FORÇA DO AMOR
MARCO ANTÔNIO VIEIRA (AUTOR)
PSEUDÔNIMO: MAZINHO

Quando a paixão invade uma vida, os sonhos são inevitáveis, a busca intempestiva de razões que determinem a existência real onde duas vidas se contemplam, transformam, vivenciam com plenitude. Essa paixão quando traduzida num amor verdadeiro transforma vidas, sonhos, momentos intensos em que tudo vale a pena, todas às horas são importantes, todos os gestos e ações são compartilhados dentro de um contexto mais amplo.
Assim foi com Mavir e Milla, onde sonhos foram concretizados, onde a sedução fazia parte daqueles que não sabiam o que lhes reservava o tempo e a própria vida com seus inúmeros desafios, na busca desenfreada de conquistas.
Mavir conheceu Milla, na Faculdade onde ali buscavam uma estrutura para um futuro promissor, ambos buscavam garantir através dos estudos, um futuro melhor, assim, envolvido num mundo de sonhos, numa busca desenfreado de conhecimentos. O sonho de Mavir era de ser advogado, Milla queria ser fisioterapeuta.
Algo diferenciava Mavir de Milla, pois ele um rapaz de boa índole, tal como Milla, mas Mavir de família da classe menos favorecida, Milla de família abastada, conhecida em toda região onde residiam seus familiares, grandes empresários.
Mavir financiava seus estudos com auxílio de um projeto social e a complementação de seus pais. Já Milla ficava em um apartamento adquirido pela família para essa finalidade, contendo tudo que se possa imaginar, em luxo e em amplas condições. Mavir residia com um grupo de amigos também vindos do interior, as dificuldades eram muitas para até mesmo, seu sustento.
Apesar dos valores, interesses diferentes, logo de início Mavir teve interesse pela amizade de Milla, que também demonstrava apreço pelo rapaz, fizeram de início uma grande amizade, dividiam material de estudos, enfim estavam sempre juntos.
Quando a família de Milla vinha para a capital, gostavam da amizade que a filha tinha com Mavir, pois sempre onde estava Mavir, o ambiente era contagiante, pois marcava presença, sempre rindo, brincalhão, sempre pronto para prestar auxílio a quem quer que fosse, um olhar determinante que inspirava segurança. Tinham nele a certeza de que Milla tinha um grande amigo. Já os pais de Mavir, viam naquela relação de amizade, com certo temor, preocupado pela diferença social, pelos valores contidos e que fazem parte dessa sociedade, onde quase sempre predomina o status, prevalece quem mais tem poder.
Sendo o tempo o pai da razão e, sem ao menos perceber, Milla estava apaixonada por Mavir, daí então tudo ficava emocionante, cada trabalho da faculdade, cada momento era intenso, bem vivido, a vida passou para Milla a ter um diferencial, as cores vibravam, os dias eram repletos de busca, de sonhos após cada palavra, a cada gesto de Mavir, com ele a vida ficava mais alegre, o sorriso de Milla, na realidade, aqueles problemas do cotidiano passaram a ter menos significado, a felicidade e a alegria era estampada em seu rosto, estavam radiantes.
Não demorou muito para que Mavir percebesse o interesse de Milla, tentou não se preocupar muito com o fato, pois sabia das dificuldades que esse relacionamento poderia trazer, mas chegou a “a triste” constatação de que também estava apaixonado.
 Quanto mais tentava desvencilhar, mais estava mergulhado de amor, tentava ser capaz de negar que pudesse aquilo estar acontecendo com ele.
Mas quando o amor acontece, já em sua gênese, muitas vezes transtorna a natureza normal de nossa própria vivência, não há nada que se possa fazer, perde-se o poder de reação, a entrega é fatal, às vezes deixamos de pensar, pois algo é mais forte, a um envolvimento que é capaz de nos cegar, altera até o metabolismo e o funcionamento normal do nosso corpo, o coração bate mais forte, o sol brilha com mais vida, os dias são intermináveis, as palavras se tornam dádivas, são aqueles momentos que não conseguimos discernir a razão da emoção.
O namoro foi o passo inicial e, com ele os primeiros percalços, enquanto a família de Mavir, ficou neutra na situação, a de Milla, tentou de todas as formas impedir aquilo que seria uma “vergonha”, pois a diferença social era muito diferente. Foram inúmeras as tentativas, e de diversas formas, aconselhavam a filha a desistir daquele namoro, prontificaram a transferir a filha daquela Faculdade, prometeram rever certos valores, presentes, enfim uma perpetuação de palavras, mostravam que aquele namoro não podia jamais ter sucesso, e que com o tempo ela amaria uma pessoa com condições melhores, mostravam por formas diferenciadas, percebia-se nitidamente um certo descontrole até, pois havia uma gama de interesses.
Em cada adversidade, a cada tropeço, aquele amor ficava mais forte, era um casal perfeito, irradiavam a mais plena felicidade, eram duas vidas que perdiam o sentido isoladamente, pois todo sonho era sonhado junto, todo momento era uma nova sensação, a cada palavra, a cada beijo, a cada gesto, notava-se que ali estava um amor que veio para ficar, já nasceu com o formato força do destino, em sintonia e as bênçãos dos anjos. O amor envolvia a vida daquele casal, êxtase, felicidade, a magnitude de dois seres apaixonados, que sabiam exatamente o que da vida queriam.
Os anos passavam, e a cada dia um novo projeto de vida, a busca contínua se renovava a cada etapa da vida, a cada problema que surgia, a paixão e o amor aumentava, realizava-se um pacto, um comprometimento de que para atingir a felicidade, bastava ir além, transgredir, enfrentar os obstáculos que por vezes nos atinge, mas eles detinham a essência mais profunda de saber o que e onde, para completar esse projeto global.
Momento algum a família de Milla deu trégua, sempre agindo com deslealdade, tentando mostrar para Milla que esse relacionamento, não poderia sob hipótese alguma dar certo, devido às diferenças que havia entre as famílias. Causava até estranheza para as pessoas que conhecia a realidade, pois antes do início desse relacionamento, a família de Milla achava que Mavir era o amigo ideal para a filha, companheiro.
Para concretizar esse projeto, completar um sonho mais alto, o casamento.
Já formados e trabalhando cada um dentro da sua área de atuação, sonhavam e alimentavam o desejo de que fossem aceitos pela família de Milla, o que não acontecia.
Mavir pediu a mão de Milla em casamento, parecia que o mundo desabaria em sua cabeça, pois a família de Milla continuava cada vez mais e mais contrária, não cediam; pelo contrário, ameaçavam até mesmo de deserdar a filha, o que veio a ocorrer mais tarde.
Nem esse fato conseguiu desestruturar o belo casal. Casaram numa noite de inverno, mês de junho e, como se era de esperar, ninguém da família de Milla comparecera ao evento, que seria até então o maior projeto de vida deles. Foi uma festa simples, mas, envolvida em clima de muita emoção, os poucos convidados percebiam no ar, um clima de romance, de algo que já estava desenhado, com formato e cor, um brilho sem fim. Mas, algo ali faltava.
Aquela menina que sonhava em vencer na vida e foi vencendo as etapas uma a uma, afinal, sabia o que queria de um viver sólido, sabia edificar cada fase, cada sonho, cada passo percorrido, sabia planificar seus sonhos ao lado do homem de sua vida, o que mais queria naquele momento.
Por alguns momentos, lembrou que para que tivesse realmente completa à festa, seus familiares que ali não estavam, chorou, via-se nitidamente aquelas lágrimas que falavam mais que qualquer palavra.
Foram para casa, adquirida com muito sacrifício, afinal, esse também era um projeto, essencial para quem sabe perfeitamente onde quer chegar.
O mundo de sonhos não parava por aí, afinal para o amor não tem barreiras, as transformações são inevitáveis.
Milla, aquela mulher sonhadora, ávida pela auto-afirmação, romântica, apaixonada, companheira ideal, mas preocupada pelos problemas familiares, mas momento algum deixava de acreditar.
Tudo era belo, a cada dia que Mavir saía para trabalhar, deixava no espelho, ou ao lado do travesseiro de sua inseparável e adorável companheira, uma nova mensagem, cujo teor era sempre o mais romântico possível, como “minha amada, o nosso amor a tudo supera, te amo”; “amor, te busco no infinito, acordo e te encontro ao meu lado, e isso me faz viver, te adoro”; ”só existe vida, porque existe você, e com você minha vida tem encanto”. Percebe-se que nenhuma história de amor poderia ser mais autêntica, mais real, parecia um conto de fadas.
Mavir chegou em casa em um certo dia, encontrou Milla em prantos, muita dor, desesperadamente levou-a ao médico, que inesperadamente afirmou que ela deveria ficar hospitalizada para realizar uns exames de rotina. Confiante, Mavir, entrou em desespero, pois até aquela data, jamais teria ficado sem sua amada. A sensação triste de que algo não estaria bem, até mesmo pelo ar estranho e observador, mas confuso do médico; por minutos chorou, as lágrimas, a dor profunda, a alma sentia que pairava no ar, algo de muito estranho, mas o amor, a paixão, os sonhos, a vida, as metas, os filhos. Lembrou dos inúmeros momentos de ternura, afagos, beijos, abraços, aquele envolvimento que era fiel e encantador, enfim o entendimento era pleno, e em todos os aspectos.
Milla após três dias no hospital, com a recomendação do médico de que teria que fazer repouso por pelo menos dez dias, e que os exames laboratoriais sairiam dentro do prazo prescrito, estava de alta médica, aguardando os resultados dos exames, foi embora para casa.
Chegando em casa, não sabia quantas surpresas teria pela frente, Mavir recebeu-a com uma cesta de café da manhã, e dentro continha uma mensagem assim “nosso amor é vida, além vida, sentimento e alma, algo que a tudo supera, a tudo vence, te amo e te amarei por toda eternidade, sempre, seu”. A emoção contagiava o ambiente, Milla sentiu-se amada como nunca antes, afinal Mavir mais que nunca era realmente o homem de sua vida.
 Seus familiares após tanto tempo, compareceram a visitá-la, parecia apenas um encontro formal, pois não teria nem sentido tal visita, principalmente após tantos desencontros, e a negação da própria felicidade de Milla.
Após uma reflexão, Milla, aquele exemplo de pessoa, coração apaixonado, resignado, ciente de que não somos nós que julgamos os atos e ações capazes da ação humana, mas apenas Deus, perdoou seus familiares.
Chegando o dia de ir ao médico, logo de manhã, Mavir colou no espelho uma mensagem visando apropriar sua amada de esperança e fé, levantar sua auto-estima, na mensagem dizia “Milla, nosso amor é capaz de enfrentar tudo, pois a cada fase de nossa vida, mostramos que somos e que viemos em busca da felicidade, e que a cada passo dado, vencemos um a um, te amo Camilla”.
   Estranho, pela primeira vez desde que esse relacionamento teve início, nunca teria sido chamada por Mavir pelo seu nome real. Assustou com aquele ato, pois Milla, assim era chamada e de forma carinhosa, soou estranho, diferente ser chamada por Camilla, que na realidade era esse seu nome.
O médico quis dar os resultados dos exames para Mavir, que, com o senso profissional do dever a cumprir, afirmou a Mavir que Milla estava com câncer, e que teria provavelmente pouco tempo de vida.
Obviamente que o desespero tomou conta de Mavir, que sem entender nada, ficou nitidamente triste, questionando seu amor por Camilla, seus sentimentos, sonhos, filhos, a construção de uma vida profissional, adquirida com extremo sacrifício sem o devido respaldo da família de Milla.
 Mas, Milla, eu, que será de nós, desse nosso amor, que sempre sonhei como duradouro, eterno, nossos filhos!
Cada dia ficava mais difícil, mas o amor que a tudo supera, ainda era o grande vencedor, percebiam-se os encantos no mundo que foi construído por Mavir e Milla, um mundo que jamais acabaria, jamais perderia a estrutura, as emoções e infindáveis momentos.
A cada dia que passava Mavir adquiria maior autoconfiança, amor, respeito e se dedicava mais ainda, confiava na força do amor. Todo dia quando saia para trabalhar um novo lembrete, uma nova mensagem; por conseqüência, Milla recebia aquelas mensagens e nitidamente pressentia que o amor ali era evidente, era real, Milla desconfiava de alguma coisa, algo estava estranho, mas nem pensava na gravidade da terrível doença.
Emocionava a cada mensagem que recebia, lia, meditava, por vezes questionava o porquê estaria naquela situação. Lia, relia as mensagens, por vezes sorria, chorava, emocionava, pois aquelas mensagens só eram possíveis por parte de quem sentisse um verdadeiro amor, senão vejamos: “Milla, a minha existência depende da sua felicidade, por isso sou feliz”; “Meu grande amor, Camilla, a menina da razão de um viver, viver capaz de me fazer sentir homem, feliz e seu eterno companheiro, Milla, a razão dos meus encantos, meu sonho que dura por toda a eternidade”.
Eram doces as palavras, mensagens capazes de emocionar qualquer pessoa que fosse.
Milla sentia que estava bem, Mavir fazia de tudo para que Milla sentisse feliz, naquele lar, tudo tinha sentido, fantasia, era um mundo repleto de sonhos, apesar das inúmeras dificuldades.
Estavam assistindo a um filme chamado “Grande batalha, heróis em evidência” quando Milla, como de costume, pediu a Mavir que a acariciasse, assim deitou no colo de Mavir, que, prontamente atendeu e juntos estavam naquele sofá confortável doces palavras, ternura e gestos ali trocavam.
Mavir percebeu que Milla estava um pouco triste, sabia que dali uma semana teria de ir ao médico realizar novos exames. Por mais que Milla tentasse disfarçar, Mavir percebia pela sua aparência, seu aspecto, pois apesar da felicidade, algo pairava no ar.
Foi uma semana de insegurança e intranqüilidade, mas chegou o dia.  Semana que parecia que seria interminável.
Ansioso, mas confiante, Mavir já logo pela manhã, colocou no espelho de Milla uma mensagem cujo teor era “Meu amor, hoje é o nosso dia, o seu problema é nosso, a sua dor, é nossa, sinta o quanto eu te amo, e estarei ao seu lado por todos os dias da tua vida”. É obvio que Milla, apesar de insegura e triste, emocionou com aqueles dizeres, chorou copiosamente, mas de felicidade, pois sabia que a seu lado estava alguém que simbolizava parte de sua luta, de sua vida, era a compartilha perfeita de sonhos infindáveis.
Foram ao médico, que estranhou a disposição de Milla, pois a doença era constatada em todos os exames realizados anteriormente; solicitou novos exames, a fim de reorientar o tratamento.
Depois de dez dias, os exames chegaram, Mavir e Milla novamente retornaram ao médico, que surpreso, afirmou que a doença de Milla estava sob controle, teria a quimioterapia causada efeitos surpreendentes, mas óbvio que o tratamento deveria continuar por mais um determinado tempo.
A cada sessão de quimioterapia, notava que ao invés de triste, Milla estava se animando, criando coragem, emocionava com o tratamento e reagia com garra, crendo na possibilidade de que tudo pudesse acontecer.
O tempo todo Milla fazia exames de rotina, em um deles o médico estranhou o nível de progesterona em um determinado  exame. O médico estranhou, pois naquele caso, dificilmente poderia Milla ter engravidado, as circunstâncias não eram as melhores.
Cumprindo com o dever de ofício, solicitou exames complementares, e surpreso constatou que Milla estava grávida. Até o médico, não conteve as lágrimas, em sua carreira profissional não conhecia até aquela data caso semelhante, mas esperou um certo tempo para dar a notícia ao casal. Próxima consulta seria na semana próxima.
No dia pré-estabelecido, estavam lá Mavir e Milla, preocupados, pois, a cada exame era uma surpresa atrás da outra. 
Comunicou a Milla que ela estava grávida e, que em exames realizados não constavam nenhuma alteração em seu organismo, era provável que a vitória em relação à doença se fazia presente.
Era um misto de alegria, sensação de vitória, triunfo, o nosso casal estava feliz, beijos, abraços, palavras, a reconstrução de um sonho, ali estava apenas começando. Ou seja, vidas envolvidas em um projeto de vida, um amor sem fim, não havia palavra para definir aquele momento, somente o tempo.
O amor é assim, tem suas surpresas, nasce onde menos imaginamos, cria raiz, formato, aproxima pessoas, e é a única fonte que junta, fortalece, faz brotar dentro de cada ser, um novo viver.
 O verdadeiro amor traz vida na vida daqueles que perderam a esperança, cria vínculo e comprometimento, traz sonhos possíveis, faz a alma crescer; entender que a verdadeira mensagem do amor de um amor real é mais que pouco é um muito que não se acaba, constrói ideal, é fonte renovada do coração que aprende a sorrir e ouvir um cântico novo a cada emoção.
Em cada palavra uma dádiva, em cada gesto uma sensação, em cada carícia, a volúpia e a busca de corpos sedentos de aproximação onde o tempo não pára, onde nesse encontro sabe-se que o limite para amar, estará sempre dentro de corações que a paixão permite eternizar num sonho sem fim.
Assim era o amor de Mavir e Milla.
 Nesse mundo que eu gostaria de viver, estar presente, embalar não apenas um corpo, não apenas um momento, não apenas um olhar. Mas alguém que saiba que atrás de um peito existe sempre um coração a procura de sua realização, sabedor de que podemos colher as espigas douradas de um novo resplandecer!


MARCO ANTÔNIO VIEIRA

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